Desde que voltou a jogar no Brasil, Neymar Jr. se uniu a Pablo Marçal, entre outras celebridades do mundo virtual, para fazer propaganda da Loovi, uma “seguradora”que não é bem uma seguradora.
A empresa, que promete seguro veicular rápido e simples, foi denunciada no fim de janeiro pela Federação Nacional dos Corretores de Seguros (Fenacorà Superintendência de Seguros Privados (Susep). A acusação: atuação irregular no mercado de seguros. Dias depois, a Loovi foi apresentada como patrocinadora do Santos, e com Neymar Jr. como “menino da Loovi”.
A empresa é, na verdade, uma representante de seguros da LTI Seguros S.A., uma seguradora que participa do sandbox regulatório da Susep, ambiente que permite a experimentação de projetos inovadores no mercado de seguros sob menos regulação. A autorização para atuar em seguro de danos vale de janeiro de 2023 até março de 2026.
“Mercado marginal digital“
A situação da LTI é mencionada discretamente no site da empresa, numa nota de rodapé. E os atendentes da Loovi também a mencionam, desde que questionados, em seus atendimentos online.
“A Loovi atua como uma representante de seguros, por isso seu nome não consta no site da SUSEP. A Loovi é representante e comercializa seus planos junto à da LTI Seguros S.A., seguradora autorizada pela SUSEP e participante da 2ª edição do Sandbox Regulatório no processo n.º 15414.649321/2021-55”, diz uma resposta padrão.
A Fenacor reclama, contudo, que as propagandas dão a entender que a Loovi é a própria seguradora. A federação dos corretores questionou também um sorteio promovido pela Loovi em janeiro que não teria registro para ser feito.
“As informações incluídas na denúncia são de domínio público, como por exemplo, a apresentação ostensiva da ‘LOOVI SEGUROS’, na condição de sociedade seguradora autorizada pela Susep, o que não é verdade, gerando desinformação proposital. Trata-se de uma representante de seguros, denominada ‘CW TECHNOLOGY’, com possível atuação como sociedade seguradora, sem a devida autorização da Susep”, diz a denúncia da Fenacor.
Para o presidente da federação de corretores, Armando Vergilio, “esse é um mercado marginal digital”.
“Há operadores que estão utilizando largamente e maciçamente as redes sociais e que usam influenciadores muito famosos que tem milhões de seguidores. É uma fraude”, reclamou Vergilio durante live realizada na semana passada pela Escola de Negócios e Seguros (ENS).
Defesa
A empresa, que pertence a Quézide Salgado Cunha (ao centro na foto), se defendeu em nota, na qual diz que “a Loovi e a LTI Seguros fazem parte do mesmo grupo econômico, atuando de forma complementar para ampliar o acesso ao seguro no Brasil”.
“A LTI Seguros é uma seguradora devidamente autorizada pela SUSEP (Portaria nº 8.091, de 13 de janeiro de 2023e opera em total conformidade com a regulamentação do setor. A Loovi, por sua vez, atua como representante da LTI Seguros, distribuindo produtos subscritos pela seguradora dentro das diretrizes estabelecidas. Ambas reforçam seu compromisso com transparência, segurança e respeito à legislação vigente”, segue o texto.
A nota termina assim:
“A empresa ainda não teve acesso aos autos da denúncia e, por isso, não pode se manifestar sobre o conteúdo específico. No entanto, reafirma que suas operações seguem as normas do setor e serão devidamente esclarecidas no foro competente. A LTI Seguros também reforça seu respeito aos corretores de seguros e seu compromisso em ampliar a distribuição de seus produtos por meio desse canal, convidando profissionais interessados a conhecer e comercializar suas soluções.”
Marçal
Candidato à Prefeitura de São Paulo em 2024, Marçal foi mencionado na denúncia da Fenacor: “Em um dos diversos vídeos, o sr. Pablo Marçal, de forma ostensiva, sugere a sua participação no negócio, o que causa estranheza em virtude de o mercado de seguros ser extremamente regulado e dele somente poderem participar aqueles que são autorizados pela Susep”.
Após o questionamento, Marçal disse que não é sócio da Loovi, como costumava se apresentar, mas apenas investidor da empresa.
“Sou investidor, e não sócio da empresa, assim como em dezenas de outras companhias. A Loovi é uma insurance e a LTI é da mesma holding. Não existe irregularidade nenhuma”, disse em nota enviada ao jornal Valor.
A Susep tem um prazo de 30 dias para responder à denúncia da Fenacor. A resposta sobre o destino da Loovi deve sair, portanto, até o início de março.
Fonte: CQCS
Data: 19/02/2025
Link: Neymar, Marçal e uma “seguradora” que não é bem seguradora